terça-feira, 30 de outubro de 2012

Segundo dia!



O sábado foi marcado por grandes atividades na IV Semana da Animação. A programação do dia abriu com a Oficina de Iniciação à Animação em Dispositivos Móveis, realizada por Diego Akel. A oficina busca dividir com os participantes as novas possibilidades de animação proporcionada pelos dispositivos (smartphones e tablets), e a relação destas com a tradição do cinema de animação.



Na oficina, Diego mostrou diversos trabalhos de cineastas consagrados do cinema de animação experimental, como Norman McLaren, e a relação direta desta linha de trabalho com as animações feitas nos dispositivos. Após as explanações teóricas, os alunos tiveram um momento de prática em seus próprios dispositivos.






Vale ressaltar que esta oficina foi uma introdução, e que a versão integral do curso (que foi ministrado este ano no festival ANIMAGE, em Recife), será realizada em 2013 na OPA! Escola de Design. Esta versão prevê inclusive a compilação das animações feitas em sala pelos participantes em um curta-metragem, como resultado final do curso.

Já no período da tarde, tivemos o Bate-papo com Animadores, que reuniu três animadores locais; Clayton Bochecha, Renato Fernandes e Diego Akel. Por mais de duas horas, o público pôde conhecer um pouco dos bastidores e processos de criação dos filmes e trabalhos deste trio.



Renato, que abriu os debates, veio do Cariri especialmente para participar da Semana. Autor de Celeiro de Seleiros, ele contou um pouco de suas ideias, de como começou o projeto, que inclusive foi seu primeiro filme, sua estreia na área. Ainda, esta foi a primeira exibição pública oficial do filme. Renato falou de suas influências, inspirações, demonstrando tudo em slides, além de exibir a primeira versão o filme, para em seguida comentar cenas e particularidades que foram alteradas na versão final.



Clayton Bochecha teve a palavra logo em seguida. Ele falou um pouco de seu trabalho como professor, dentro de projetos de centros culturais, onde ensina a técnica da animação a alunos e desenvolve curtas com estes. Demonstrou didaticamente sua visão, pontuando questões comuns como mercado, incentivos, e condições para se criar animações. Bochecha exibiu alguns trabalhos dirigidos por ele, além de mostrar também imagens com a técnica do light painting, uma de suas preferidas.



Fechando o bate-papo, foi a vez de Diego Akel. O coordenador da Semana da Animação dedicou bons minutos a falar de um de seus trabalhos mais recentes: o curta Balada do Guarda-Roupa. Da concepção da ideia, que começou com a trilha sonora, ao processo de edição – que foi um capítulo a parte – Diego falou dos desafios e conquistas desse trabalho, e mostrou ainda cenas dos bastidores. Finalizou comentando o curta Saudade, fruto de uma oficina com alunos do Liceu do Ceará.



O público participou ativamente dos debates, indagando, comentando e se permitindo mergulhar um pouco no universo de cada animador; é sempre bacana poder conhecer técnicas, bastidores e processos criativos.



Às 19h, Tivemos a mostra ANIMAZIONI, que reúne curtas de animação italiana conteporâneos. Diego Akel abriu a sessão falando de seu contato com Andrea Martignoni, curador da mostra. Os dois se encontraram diversas vezes em eventos pelo Brasil. Através deste contato, os filmes foram gentilmente cedidos para exibição na Semana, uma vez que Andrea entusiasmou-se com o evento.

Diego ressaltou a raridade do material, que seria exibido pela primeira vez no Ceará, e do privilégio que isso representava, de apresentar filmes tão diferentes do que se está acostumado a ver por aqui.


L'insalata del diavolo: Baseado no folclore e lendas locais, este curta em stop motion mostra, de maneira direta e bem humorada, pactos com o diabo. Se desejos impossíveis se tornassem realidade, seria um atalho para a felicidade? Claro, porém, que há um preço a se pagar.



Contrappassouno: Um trabalho incrivelmente visual, que combina elementos comuns em uma complexa engenhosidade. Com uma cara meio 'suja' o filme em stop motion retrata de certa maneira o mito do Frankenstein, com um criatura robótica em meio a experimentos em laboratório. Há uma grande liberdade expressiva, e grande atenção a detalhes, em especial à ótima trilha sonora.



J: Combinando muito bem stop motion com rotoscopia, este filme retém um atmosfera bastante peculiar, com a dualidade entre o preto e o branco, um diálogo, ou uma oposição de forças. Vemos também um confronto por uma identidade, uma busca envolta em incertezas. Os objetos mostrados criam quase uma alusão a um jogo de tabuleiro, evidenciando o embate entre ambas as forças.



Djuma: Com estilo de animação mais tradicional, mesclando recorte digital e belas texturas, este filme explora o quão suscetível pode ser a psiquê humana. Quando vemos um garoto criado por lobos, não se pode esperar que ele desenvolva humanidade. A crueldade é apenas reflexo de uma realidade que, embora difusa, é resultado desta criação. Quase uma metáfora psicológica, Djuma propõe um olhar profundo sobre nós, sobre o que fomos, sobre o que somos ou ainda podemos vir a ser.



La Funambola: Extremamente livre e sensível, este incrível filme, que usou giz pastel como base de sua criação, mostra a vida de uma mulher, em meio a dilemas comuns, como amor, casamento e maternidade. De maneira surreal, em meio a inúmeras transições e fusões de cenas, e graças também à bela e suave trilha sonora, cria ainda uma atmosfera própria de um sonho, de um mundo livre, que pode e deve ser moldado a todo instante.

E assim terminamos o segundo dia. Na próxima postagem, traremos os detalhes de como foi a mostra DIA, que fechou a IV Semana da Animação, não percam!

Texto de Denis Akel
Fotografias de Diego Akel




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem vindo para comentar sobre a II Semana da animação! :D